domingo, 15 de março de 2009

Lisboa - a namoradinha do Tejo!

Praça do Império - Jerónimos
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Quando recordo o velho slogan "VÁ PARA FORA... CÁ DENTRO", juro que não poderia estar mais de acordo, já porque falar do que vemos lá fora e deixar de "mostrar" o quanto de belo é o nosso País, cria um sentimento de culpa por se estar a dar razão ao ditado "A galinha da minha vizinha é sempre melhor do que a minha"... porque nem é!
Para tanto, vou tentar redimir a minha "culpa" e mostrar um pouco do Portugal que somos, começando por falar de Lisboa, não só porque é a capital mas também porque gosto imenso da terra que me viu nascer, pois é uma razão para orgulho: "LISBOA É LINDA!"não é apenas um pregão revisteiro, porque
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"LISBOA VESTIDA DE SEDA...
OU DE CHITA QUE NÃO PRESTE...
QUE BONITA! LÁ VAI ELA PARA A FESTA
COM SEU VESTIDO E BALÃO,
COM CANTIGUINHAS NA BOCA...
E AMOR NO CORAÇÃO!"
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Lisboa nasceu de uma "citânia" localizada a norte do actual castelo de S. Jorge. Este seria um dos muitos núcleos humanos desenvolvidos no período pré-histórico. Através da acção povoadora dos romanos (195 a.C.) e inerente desenvolvimento socio-económico, em breve lhe seria atribuída a classificação de "município", usufruindo do seu equipamento urbano: monumentos, teatros, termas. Existia um cruzamento de quatro estradas da rede viária romana : três para Mérida e uma para Bracara (Braga). A sua característica de "opidum", onde os romanos centram a sua defesa estratégica, resulta do reflexo do terreno por um lado, e da protecção natural perante o estuário do Tejo e o braço deste rio que então se desenvolvia a ocidente e penetrava profundamente no território.
Olisipo (foi as
sim que se chamou, inicialmente, a cidade) caracterizou-se pela existência de um núcleo de uma população fixa que era defendida pela soldadesca. Foi-se agregando, nos seus arrabaldes, um bom número de famílias que cultivavam a terra e, por troca por pão, fruta, vinho, legumes ou gado, iam recebendo, em troca, protecção e defesa.
A crise do séc.III, que minou e fragilizou toda a sociedade romana, vem a ter os seus reflexos um pouco por toda a Península Ibérica. Aconteceram sucessivas invasões de outros povos, como os germanos em 500 d.C. (visigodos, suevos), os árabes, em 700 d.C., que vêm transformar a fisionomia da população. Por causa do clima de insegurança e de guerra, a cidade vem a adquirir uma feição muito peculiar: na fortaleza refugiam-se os habitantes fugidos do avanço dos exércitos cristãos. Trata-se de uma população de ricos proprietários agrícolas e comerciantes, que se transferem para o interior das muralhas e aí constroem uma cidade opulentíssima pelo trato e pelo mercanciar com os portos de África e Ásia.
No período da Reconquista Cristã , a Lisboa muçulmana é uma cidade bastante cobiçada e várias vezes atacada e ocupada pelos exércitos cristãos (ocupação por Castela em 1000 d.C.).
Lisboa era considerado o mais opulento centro comercial de toda a África e de grande parte da Europa. Tem abundância de todas as mercadorias; é rica em ouro e prata. Não lhe faltam ferreiros. Nada há nela inculto ou estéril; antes, os seus campos são bons para toda a cultura...os ares são saudáveis, há na cidade banhos quentes. ... o alto do monte é cingido por uma muralha circular, e os muros da cidade descem pela encosta, à direita e à esquerda, até às margens do rio Tejo.
1755 marca para Lisboa a data de um período de enorme desenvolvimento. O terramoto, acontecido no dia 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos, às 10h00, e o incêndio que lhe seguiu, devastaram dois terços dos arruamentos e terão destruido três mil casas das vinte mil existentes.
O terramoto fez-se sentir em toda a zona da Baixa, nos bairros do Castelo e na zona do Carmo, ou seja, nas zonas mais intensamente urbanizadas da cidade.
Para sua substituição nasceu a Lisboa Pombalina, onde se utilizou um urbanismo sujeito a regras fixas e com um tal coeficiente de cientismo pragmático que conseguiu provocar a admiração em todo o mundo.
O principal impulsionador foi Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal e Primeiro Ministro do Rei D. José, coadjuvado por arquitectos e engenheiros, como Manuel da Maia, Eugénio dos Santos e Carlos Mardel (1755-76).
O plano, sem dúvida inovador, baseou-se numa planificação de largas ruas alinhadas, cujas opções arquitectónicas assentam em reg
ulamentos de construção, tendo em atenção conceitos básicos existentes de resistência às acções sísmicas.
Era um sistema urbanístico que obedecia a traçados de eixos de composição em que a simetria era o tema obrigatório, com a pretensão de se passar a fazer uso de elementos destacados nos extremos, como monumentos ou estátuas, como é exemplo, a Rua Augusta, com o arco triunfal através do qual, no seu eixo, se colocou a estátua de D. José.
O Marquês de Pombal criou incentivos de interesse para a classe da burguesia comercial.
A norte do Rossio foi criado o "Passeio Público"(1764), uma zona de recreio para a burguesia. Tratava-se de um jardim gradeado, com cascatas, lagos com repuxos e coreto, que posteriormente foi aberto às novas avenidas e aos futuros bairros construídos por uma burguesia em ascenção constante.
A partir de 1780 aparece a iluminação pública da cidade e em 1801 as ruas passam a ter um nome afixado.

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