sábado, 22 de dezembro de 2012

POETAS IMORTAIS

Não há espera que não aconteça quando, cansados pelo caminhar, nos sentamos à beira do caminho, para pensar e sonhar viagens que nunca fizemos, caminhos que nunca andámos, terras que nunca conhecemos... num mundo que sempre amámos!
Agora, porque é tempo de Natal, de voltar a ser alegre, de recordar outros Natais... o meu... o teu... o do amigo distante que esperamos voltar a abraçar, recordamos que este é o Natal de Jesus, o tal Menino que veio trazer Amor e Esperança, mas também o desassossego das nossas consciências, que teimam em Lhe dar ouvidos e obedecer ao convite sábio de Sua Mãe, Maria Santíssima: 'FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER!'
A espera que nos fez caminhar em busca das belezas do mundo, será agora mais justificada porque percebemos que Deus nos dá o Mundo para que o desfrutemos... e as nossas viagens podem continuar a ser feitas pelo mar, pela terra, pelo ar, pelo pensamento, pela leitura, pela televisão... mas a viagem mais apetecida fica sempre para trás, pois é feita pelo coração!
 
Nos Bosques, Perdido
Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos lábios, sedento, levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um gruto ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se, repentinamente, estivessem me procurando as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero, amada.
Para que nada nos prenda
para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela...


Pablo Neruda

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